segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Caso Clínico 2 - Doença de Disco Intervertebral



IDENTIFICAÇÃO










        Nome do Animal: Max
        Espécie: Canina
        Raça: Mini-Dachshund
        Pelagem: Preta
        Peso: 4,3 Kg
        Idade: 4 anos


ANAMNESE

        Em 14/08/2010 – Proprietária relata episódio de plegia em MPE há +/- 4 meses.

Em Colega...

        Efetuou tratamento, no qual observou 2 episódios de crise sevara de dor.
        Tratamento realizado com Meticorten 5mg® (1mg/kg SID por 7 dias), tendo havido melhora do quadro.
        Foi solicitado acompanhamento com acupunturista – (animal recebeu 2 sessões de tratamento)
        Observou-se perda progressiva de peso e crepitação em joelho
        Colega descartou quaisquer alterações neurológicas
        Diagnosticou como causa base Luxação Bilateral das Patelas

Na Clínica ...
        Proprietária relata há +/- 10 dias, outro episódio de crise de dor severa
        Hiporexia, Oligúria, Oligodipsia  e Disquesia – (Dor?).
        Relatou vacinação feita pela prefeitura em campanha (Raiva) 


EXAME FÍSICO
        Moderada perda de Propriocepção
        Ataxia
        Perda de Reflexo Anal e Perianal
        Teste de Luxação Patelar Negativo
        Monossaltitamento diminuído
        Dor Moderada em Exame de Pressão Digital - região de musculatura paravertebral lombar e tóraco-lombar
        Teste do reflexo do músculo cutâneo do tronco (panículo)
Estes últimos são Déficits característicos à DDIV

RESULTADO
        Pelo Exame Semiológico foi possível diagnosticar uma provável Doença do Disco Intervertebral
        Solicitado, Tomografia Computadorizada Contrastada (mielo-tomo), a fim de verificar o tipo da possível discopatia e sua localização exata.
        Indicado tratamento Cirúrgico
        Já solicitado os exames pré-cirurgicos :
        Hemograma Completo         
        Uréia e Creatinina
        ALT e AST
        ECG


DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL

        Afecção provocada pela degeneração do disco intervertebral
        Podendo ocorrer Extrusão ou Protrusão do disco o que leva a compressão medular
        Pode ocorrer compressão, inflamação, hemorragia, edema


Medula Normal



Medula Com Extrusão

Medula Com Protrusão


HANSEN TIPO I
        No caso de Extrusão (Rompimento do Disco) se observa:
        Perda progressiva de água
        Saída de material do núcleo pulposo
        Metaplasia Condróide do núcleo
        O disco sofre Desmineralização (invasão cartilagem hialina e posterior calcificação)
        Diminuição da capacidade de Absorver Choque
        Comum em C2-C3
        É + acometido em raças Menores (raças condrodistróficas)




HANSEN TIPO II
        No caso de Protrusão (Inchaço do Disco) se observa:
        Metaplasia Fibróide do Anel Fibroso
        Núcleo é invadido por fibrocartilagem
        Comum em raças Maiores (raças não condrodistróficas)
        Início tardio

EXAMES COMPLEMENTARES
        Raio-X
        Simples
        Diminuição do espaço intervertebral
        Conteúdo Discal no forame
        Material calcificado no canal
        Falha em determinar o local exato da lesão
        Contrastado (Mielografia)
        Visualização da Interrupção da Linha de contraste (ventral ou dorsal)
        Material calcificado no canal? Edema?
        Tomografia Computadorizada / Ressonância Magnética (incipiente)
        Exatidão do local lesionado
        Mostra conteúdo em canal medular se calcificado, caso contrário (miélo-tomo)
        O tipo de material [ tumor ósseo, tecidos moles, calcificações]

CIRURGIA
        Técnica de Fenestração Ventral (Retirada do Núcleo Polposo)
        Técnica de Fenda Ventral (Retirada de conteúdo do canal)
        Objetivos:
        Descompressão da medula espinhal
        Remoção do material do interior do canal medular
        Redução do edema
        Alívio da dor
        Prevenção de futuras extrusões. 
         Não esquecer de avaliar nível de dor profunda:
        A Perda Animal tem somente com 3% de chance para se recuperar









Estágio na Clínica Ortopet
Daniele Danezi Savio – Agosto/2010.






CASO CLÍNICO 1 BRONQUITE CRÔNICA ALÉRGICA
IDENTIFICAÇÃO
Nome: Jhoni
Espécie: Canina
Raça: Pinscher
Sexo: Macho
Idade: 10 anos

Queixa Principal
Tosse seca noturna (principalmente) há 2 anos aproximadamente.
Há 2 anos tratou para  Traqueobronquite infecciosa, mas  não apresentou melhora.
Segue tossindo desde então com piora nas últimas 4 semanas.

Anamnese
Animal em bom estado geral.
Normorexia, Normodipsia, normoquezia.
Nega êmese.
Refere urina sem alterações.

Sistema Cardiorrespiratório
Tosse seca, principalmente noturna, sonora, parece engasgo.
Espirros quando odor forte (perfume, poeira, etc.).
Nega cansaço fácil, cianose de língua, edema de membros, aumento de volume abdominal.
Nega síncope.

Manejo higiênico/ sanitário
Preventivo para ectoparasitas a cada 3 meses.
Vive em casa, quintal com gramado e terra. Casinha de madeira com colchão de espuma.
Não tem acesso à rua.
Possui 10 contactantes caninos e 2 felinos, todos assintomáticos.

Exame Físico
Peso: 4,4kg
FC: 140bpm
FR: 40 mrm
Temp.: 39,2ºC
TPC: <2”
Mucosas róseas
Hidratação adequada
Auscultação: BRNF com sopro grau II/VI, foco mitral + desdobramento 3ª bulha.
                     Campos pulmonares sem alterações.
                     Reflexo da tosse negativo.

Tosse
Mecanismo de defesa para repelir material das vias aéreas e também pode ser estimulada por inflamação ou compressão das vias aéreas.

Tosse cardíaca x Tosse respiratória

Tosse de origem cardíaca
·        Geralmente seca
·        Tosses discretas
·        Presença de sopros/ arritmias/ estertores
·        Caquexia
·        Ascite
·        RX: alterações de silueta cardíaca e/ou edema cardiogênico
·         ECG: taquicardia na ICC
·        Idade, porte, espécie, raça, viagem para litoral
·        Noturna e associada a esforço físico

Tosse de origem respiratória
·        Colapso de traquéia: parece “grasnar de ganso”, seca e diuturna
·        Pneumonia: tosse úmida, diuturna.
·        Estertores e/ou sibilos
·        Obeso ou normal
·        Ascite ausente
·        RX: alterações em vias aéreas superiores ou parênquima pulmonar
·        Vacinação, vermifugação, contactantes, ambiente   


 Classificação da Tosse
·        Aguda: <60dias
·        Crônica: >60dias
·        Seca

·        Produtiva (deglutição) – doenças inflamatórias ou infecciosas e Insuficiência Cardíaca
·        Sonora – vias aéreas anteriores
·        Discreta - vias aéreas posteriores

Diagnósticos Diferenciais

Tosse sonora
·        Colapso de Traquéia
·        Traqueobronquite Infecciosa (aguda)
·        Bronquite Crônica
·        Compressão de Brônquio Principal Esquerdo (crônica)
·        Parasitas Pulmonares

Tosse discreta
·        Pneumonia
·        Insuficiência Cardíaca Esquerda (crônica)
·        Parasitas Pulmonares

 Exames Complementares
·        RX tórax – avaliação de campos pulmonares e silhueta cardíaca (cardiomegalia)
·        Ecodopplercardiograma
·        Mensuração de pressão arterial
·        Eletrocardiograma

Suspeita Diagnóstica
·        Bronquite crônica (?)
·        Cardiopatia (?)

Resultado dos exames
·        RX: silhueta cardíaca dentro dos padrões de normalidade campos pulmonares sem evidências de alterações dignas de nota
·        ECG: arritmia sinusal
·        Pressão arterial: sistólica 130mmHg (normal de 80 a 160)
·        ECO: insuficiência valvar mitral de grau discreto, sem repercussão hemodinâmica; disfunção diastólica de grau discreto.

Suspeita Diagnóstica
ü  Bronquite crônica (causas alérgicas)
ü  Possíveis alérgicos: perfumes, fumaça de cigarro ou lareira, produtos de limpeza, ácaros, poeira. etc..

Tratamento
·        Meticorten 5mg – 3/4comp./BID/ANR (0,8mg/kg)
         Dose recomendada: 0,5 a 1 mg/kg – BID
         *Diminuir gradativamente           
·  Outra opção:
         Fluticasona- 7 a 10 movimentos respiratórios na máscara
   (minimiza efeitos do corticóide)

Bronquite Crônica
·        Tosse persistente sem etiologia definida há mais de 2 meses.
·        Comprometimento inflamatório bronquial
·        Causa: processos inflamatórios instalados por tempo prolongado resultantes de infecções, alergias ou irritantes inalatórios.
·        Estágio crônico é irreversível
·        Predisposição a infecções secundárias
·        Casos severos – obstrução das vias respiratórias (creptação / sibilo)
·        RX – avaliar tórax, padrão bronquial
·  Dependendo da fase não tem alterações
·  Ideal: Broncoscopia

Retorno
·        Refere diminuição acentuada da tosse.
·        Recomendado administrar o corticóide SID e em dias alternados.
·        Posteriormente trocar para Fluticasona